segunda-feira, 4 de junho de 2012

Respostas da Bíblia


Nihil obstat:

Curitiba, 10 de dezembro de 1992

Revisão e atualização
 Pe. Attilio Ignacio Hartmann SJ
Diretor da Livraria e Editora Padre Reus
 Porto Alegre, março de 2004

Obs: Onde Esta Escrito
Afirmação: São pessoas de Outras Religião que afirma que na biblia deles é assim ou que a nossa esta errada.

Resposta: Seria a resposta da Igreja Catolica como verdadeiramente é " EXPLICAÇÃO' '
Pe. Attilio Ignacio Hartmann SJ

INTRODUÇÃO

   Os bispos latino-americanos, reunidos com o Papa João Paulo II em Santo Domingo, em outubro de 1992, reconheceram que o avanço do fundamentalismo re­ligioso, particularmente de algumas “seitas”', é um sério desafio para o catolicismo na América Latina, e recomendam instruir amplamente o povo, com sereni­dade e objetividade, sobre as respostas às acusações e afirmações tendenciosas sobre a Igreja Católica.
   Já no primeiro século São Pedro escreveu aos fiéis, advertindo-os: “Assim como entre o povo (de Israel) houve falsos profetas, do mesmo modo haverá tam­bém entre vós falsos doutores, que introduzirão disfar­çadamente seitas perniciosas. Eles, renegando assim o Senhor que os resgatou, atrairão sobre si uma ruína repentina. Muitos os seguirão nas suas desordens e se­rão deste modo a causa de o caminho da verdade ser caluniado...” (II Pd 2,1-2).
Para ajudar o povo católico a compreender melhor a doutrina bíblica, o autor oferece este livreto baseado na tradição apostólica contribuindo para a realização

1 Os membros das chamadas seitas são popularmente denomina­dos “crentes”. Este termo é inadequado: toda pessoa que tem fé, que diz “creio”, é uma pessoa crente. Além disso, popularmen­te, o termo se tomou pejorativo, o que sempre é uma falta de caridade cristã (nota da editora).

do ardente desejo de Jesus: “Para que todos sejam um, como Tu, Pai, em Mim e Eu em Ti; para que o mundo creia que Tu Me enviaste” (Jo 17,21-22) e “que haja um só rebanho e um só Pastor” (Jo 10,16). Neste sen­tido, o que leva à reimpressão desta obra é um ecu­menismo que, segundo o Papa João XXIII, leva sem­pre “a olhar mais para aquilo que nos une do que para aquilo que nos separa”.
   Esta nova edição de Respostas da Bíblia, revista e atualizada de acordo com as mais recentes disposições ecumênicas da Igreja, abrindo a mente e o coração para o sempre mais necessário diálogo inter-religioso,”para que o mundo creia”, tenta promover a catequese de adultos e uma pastoral a serviço da vivência religiosa mais coerente e comprometida com a vida e todos os seus valores.

VENERAÇÃO DE IMAGENS

    AFIRMAÇÃO: “ Os católicos praticam a idola­tria, fazendo e adorando imagens, o que Deus proíbe na Bíblia, dizendo: “Não farás para ti escultura algu­ma do que está em cima nos céus, ou abaixo sobre a terra, ou nas águas, debaixo da terra” (Ex 20,4).
    RESPOSTA: O mesmo Deus, no mesmo livro do Êxodo, manda Moisés fazer dois querubins de ouro e colocá-los por cima da Arca da Aliança (Ex 25,18- 20). Manda, também, fazer uma serpente de bronze e colocá-la por cima duma haste, para curar os mordi­dos pelas serpentes venenosas (Num 21,8-9). Manda, ainda, a Salomão enfeitar o templo de Jerusalém com imagens de querubins, palmas, flores, bois e leões (I Reis 6,23-35 e 7,29), etc.
    Seria uma blasfêmia considerar Deus esclerosado ou contraditório, já que num lugar da Bíblia manda fazer imagens, esquecido que no outro lugar o teria proibido! Ora, os primeiros cristãos martirizados aos milhares porque se recusaram a adorar imagens de deuses falsos, estudaram a Bíblia com mais atenção e respeito. Eles não tiravam esses trechos proibitivos de seu contexto e, comparando-os com outros, ficaram convencidos de que Deus proíbe apenas fazer imagens de deuses falsos e adorá-los, como o faziam os vizi­nhos pagãos, mas Ele não proíbe fazer outras imagens.
    Eis o verdadeiro sentido desta proibição bíblica, no seu contexto: “Eu sou o Senhor teu Deus, que te fez sair do Egito, da casa da servidão. Não terás ou­ tros deuses diante de minha face. Não farás para ti escultura alguma do que (daqueles falsos deuses, que na errada imaginação dos pagãos) está em cima dos céus, ou abaixo sobre a terra, ou nas águas, debaixo da terra. Não te prostrarás diante deles e não lhes pres­tarás culto, (à imitação dos pagãos) (Ex 20,2-5). Esta proibição, intencionada por Deus, repete-se em vários lugares da Bíblia, como por ex. “Não adores nenhum outro deus” (Ex 34,14) ou “Não farás para ti deuses fundidos” (Ex 34,17).
    Por isso os primeiros cristãos pintaram nas cata­cumbas muitas imagens das cenas bíblicas do Antigo e Novo Testamento, e legaram, para a veneração dos séculos posteriores, as imagens de Cristo-Sofredor, na toalha de Verônica e no sudário sepulcral, guardado em Turim, na Itália.
    Alguns santos dos primeiros séculos afirmavam que as imagens da Bíblia, da Via Sacra, de Jesus cru­cificado e dos santos são o único “livro” que também os pobres e analfabetos entendem e aproveitam. Isso vale, ainda hoje, para milhões de pessoas.
    O sentido da veneração das imagens, segundo a tradição dos Apóstolos, está resumido nesta bênção de imagens, do Ritual Católico:
    “Deus etemo e Todo-Poderoso, vós aprovais a es­cultura ou a pintura das imagens dos vossos santos, para que à sua vista possamos meditar os seus exem­plos e imitar as suas virtudes. Nós vos pedimos que abençoeis e santifiqueis esta(s) imagen(s), feita(s) para recordar e honrar o vosso Filho Unigénito e nosso Se­ nhor Jesus Cristo (ou: o(s) Santo(s) NN. Concedei a todos os que diante dela(s) desejarem venerar e glori­ficar o vosso Filho Unigénito (ou: o(s) Santo(s) NN.), que por seus merecimentos e intercessão, alcancem no presente a vossa graça e, no futuro, a glória eterna. Por Jesus Cristo, Nosso Senhor. Amém”.

BATISMO

    AFIRMAÇÃO: “O batismo dos católicos não é válido! Só os adultos que crêem podem receber vali­damente o batismo, que só vale por imersão! ”
    RESPOSTA: Não existem provas bíblicas que confirmem esta afirmação, a) Argumenta-se que Jesus foi batizado no rio Jordão por imersão. Mas os Evan­gelhos não falam disso! Pode ter sido batizado como o apresentam antigas estampas, ficando com os pés no rio, enquanto São João lhe derramava a água, com a mão, sobre a cabeça. Não existe prescrição determi­nante quanto à forma de se batizar alguém.
    b) Outros afirmam que “batizar”, em grego, signi­fica “imergir na água” Os exegetas documentam que, em várias passagens da Bíblia, esta palavra significa, igualmente, “lavar” ou “molhar” na água as mãos, os dedos, os pés, etc. São Paulo usa esta palavra em 1 Cor 10,2: “Todos (os Israelitas) foram batizados em Moi­sés, na nuvem e no mar” (como símbolo do batismo cristão). Sabemos, porém, que este batismo não acon­teceu por imersão, pois todo o povo israelita (incluin­ do as crianças) passou o mar Vermelho a pé enxuto, tocando apenas a areia úmida do mar. Quem pereceu foi o exército egípcio, submergido pelas águas (cf Ex 14,19-20). No batismo vale mais a fé em Deus e a vi­vência coerente dos seus mandamentos do que a ma­neira de aplicar a água.
    c) Alguns textos bíblicos indicam o batismo feito por imposição. Em At 8,36-38 lemos sobre o batismo do eunuco etíope, feito pelo diácono Filipe, no cami­nho entre Jerusalém e Gaza, uma região onde existem apenas pequenas nascentes e seria impossível batizá-lo por imersão.
    At 9,18-19 relata o batismo de Saulo convertido numa casa de Damasco. Não havia piscina, nem rio, nem lago onde pudesse ser batizado por imersão. Le­mos: “Imediatamente lhe caíram dos olhos como esca­mas e recuperou a vista. Levantando-se, foi batizado, e tomando alimento, recuperou as forças”.
    Igualmente em Filipos (At 16,33) S. Paulo batizou o carcereiro convertido: “Naquela hora da noite (o car­cereiro) lavou-lhe as chagas e imediatamente foi bati­zado ele e toda a sua família”. E nos cárceres romanos certamente não havia piscinas para os prisioneiros!
    d) Como no caso acima, assim também na ocasião do batismo de Lídia e de Estéfanas, São Paulo mencio­na que Lídia recebeu o batismo “com todos os de sua casa”; (At 16,14-15) e “batizei a família de Estéfanas” (ICor 1,16), onde, certamente, não faltavam crianças.
    O próprio Jesus afirma a Nicodemos: “Em verda­de, em verdade te digo: quem não renascer da água e do Espírito Santo, não pode entrar no Reino de Deus”. Para os primeiros cristãos esta regra valia igualmente para as crianças. Por isso Santo Irineu (que viveu entre 140 a 204) escreveu: “Jesus veio salvar a todos os que através dele nasceram de novo de Deus: os recém-nas- cidos, os meninos, os jovens e os velhos” (Adv. Haer. livro 2).
    Orígenes (185 255) escreve: “A Igreja recebeu dos Apóstolos a tradição de dar batismo também aos recém-nascidos”. (Epist. ad Rom. Livro 5,9). E São Cipriano em 258 escreve: “Do batismo e da graça não devemos afastar as crianças” (Carta a Fido).
    e) Na “Nova e Eterna Aliança” o batismo substi­tuiu a circuncisão da “Antiga Aliança”, como rito de entrada para o povo escolhido de Deus. Ora, se o pró­prio Deus ordenou a Abraão circuncidar os meninos já no 8° dia depois do nascimento, sem exigir deles uma fé adulta e livre escolha, então não seria lógico recusar o batismo às crianças dos pais cristãos, por causa de tais exigências. Por isso a Igreja Católica recomenda batizar as crianças dentro do primeiro mês, após o nas­cimento.
    Mesmo que as seitas não dêem valor à Tradição Apostólica, cada homem honesto reconhece que os cristãos dos primeiros séculos conheciam muito bem e observavam zelosamente a doutrina e as práticas reli­giosas recebidas dos Apóstolos.

CONFISSÃO

    AFIRMAÇÃO: Os católicos confessam-se com padres que também são pecadores. Como é isso se le­mos na Bíblia: 4Quem pode perdoar os pecados, senão Deus?" (Mc 2,7)
    RESPOSTA: Quem negava a Jesus o poder de perdoar os pecados e até o chamava de blasfemador eram os orgulhosos escribas. Jesus, porém, lhes res­pondeu: para que saibais que o Filho do Homem tem na terra o poder de perdoar os pecados...” (Mc 2,10). Como “prova”, Jesus curou o paralítico perdoado, à vista deles.
    Este poder de perdoar os pecados, Jesus o confiou aos homens pecadores, aos Apóstolos e seus sucesso­res, no dia da sua Ressurreição, quando lhes apareceu e disse “Assim como meu Pai me enviou, também eu vos envio a vós. Tendo dito estas palavras, soprou sobre eles e disse-lhes: “Recebei o Espírito Santo. Àqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados, e àqueles a quem os retiverdes, ser-lhes-ão retidos”
(Jo 20,21 -23).
    Não resta dúvida que o sopro de Cristo ressusci­tado e as palavras: “Recebei o (dom do) Espírito San­to...” expressam claramente que os Apóstolos não ob­tiveram o poder de perdoar os pecados em virtude de sua santidade ou impecabilidade, mas como um dom especial, merecido por Cristo e a eles conferido, em favor das almas, redimidas pelo seu sangue derramado na cruz.
    Dizer... “Eu não me confesso com os padres por­que eles também são pecadores, seria como dizer... “Eu não vou procurar minha cura nem remédio com nenhum médico porque eles também ficam doentes”.
    Por isso os católicos, da mais humilde dona de casa ao papa, dobram humildemente suas cabeças diante de tão claras palavras de Jesus e confessam seus pecados diante dum simples sacerdote, para receber o perdão de Deus.
    Claro, há os que preferem ignorar o ensinamento de Jesus e desprezar o dom do sacramento do Perdão. Para motivar este procedimento, procuram na Bíblia vários textos tirados do contexto, como: “Convertei- vos... fazei penitência...arrependei-vos, para que os vossos pecados sejam perdoados,... para que sejais salvos”.
    Ninguém duvida de que o sincero arrependimento dos pecados, com firme propósito de não pecar mais, e satisfação feita a Deus e aos prejudicados, eram, no Antigo Testamento, condições necessárias e suficien­tes para obter perdão de Deus. O mesmo vale ainda hoje para todos os que desconhecem Jesus e seu Evan­gelho; para os que não têm nenhuma ocasião de se confessar; e são ainda condições necessárias para obter perdão na boa Confissão. Certamente é de bom juízo para o verdadeiro cristão ser um pouco mais humilde e acreditar na veracidade e obrigatoriedade das palavras de Cristo Ressuscitado, com as quais ele instituiu o divino sacramento do Perdão, que abre as portas para o encontro com Deus e o reencontro com os irmãos.
    Cada pecado é um ato de orgulho e desobediência contra Deus. Assim, “Cristo se humilhou e tomou-se obediente até a morte, e morte na cruz” (Flp 2,8) para expiar o orgulho e a desobediência dos nossos pecados, e nos merecer perdão. Por isso ele quer de todo cris­tão este ato de humildade e de obediência, na confissão sacramental, na qual confessamos os nossos pecados diante do seu representante, legitimamente ordenado. E, conforme a sua promessa: “Quem se humilha, será exaltado, e quem se exalta, será humilhado” (Lc 18,14).
    Há movimentos religiosos fundamentalistas (“crentes”) que aliciam os católicos para suas seitas com a promessa de que, depois do batismo (pela imer­são), estarão livres de qualquer pecado e nem poderão mais pecar. Conseqüentemente, não precisarão mais de nenhuma Confissão. Apóiam esta afirmação nas palavras bíblicas de 1 Jo 3, 6 e 9: “Quem permanece Nele, não peca; quem peca, não O viu, nem O conhe­ce” e “Todo aquele que é gerado por Deus, não come­te pecado, porque nele permanece o germe divino” (a graça santificante).
    Como resposta, é bom lembrar o princípio bíblico de que entre as verdades bíblicas, reveladas por Deus, não pode haver contradições. Por isso, as palavras menos cla­ras, devem ser esclarecidas por palavras mais claras ou pela autoridade eclesiástica no exercício do seu magis­tério. Ora, o próprio João Apóstolo escreve em (I Jo 1,8- 10): “Se dissermos que não temos pecado algum, enga­namo-nos a nós mesmos, e a verdade não está em nós. Se confessarmos os nossos pecados, Ele é fiel e justo, e nos perdoa os nossos pecados, e nos purifica de toda a iniqüi­dade. Se dissermos que não temos pecados, taxamo-Lo de mentiroso, e a sua palavra não está em nós”.
    Por isso a tradição apostólica interpreta as palavras de 1 Jo 3,9: “Todo aquele que é gerado por Deus não peca”, no sentido de “não deve pecar gravemente”, já que possuindo a graça de Deus, tem suficiente força para vencer as tentações. Enquanto as claras palavras em 1 Jo 1,8-10 falam dos pecados leves, dos quais, se­gundo a mesma tradição, apenas a mãe de Jesus, Ma­ria, teria sido preservada em virtude dos méritos do seu Filho, o Messias e Cristo de Deus.
    Portanto, todos os homens adultos necessitam de Misericórdia Divina; e os sinceros seguidores da Bíblia recebem-na, agradecidos, no sacramento da Confissão.

COMUNHÃO

    AFIRMAÇÃO: Os católicos comungam somente sob as espécies do Pão e os protestantes sob as espé­cies de Pão e Vinho. Como a última ceia de Jesus com seus discípulos?
    RESPOSTA: Primeiro, é preciso esclarecer que há uma diferença de compreensão do mistério da Eu­caristia e da presença do Senhor: enquanto a fé católica afirma a presença real, para o protestantismo em geral esta presença é simbólica. Não é aqui o espaço nem o lugar para um debate teológico sobre este tema, que é amplo, controvertido e complexo, nem entraremos na questão da diferença entre o ministério ordenado do sacerdote católico e o ministério do pastor evangélico ou protestante.
    Os Evangelhos e S. Paulo, ao descreverem a Ulti­ma Ceia de Jesus, usam exclusivamente a palavra “é”: “Isto é o meu Corpo; este é o cálice do meu sangue”. (Mt 26,26s; Mc 14,22s; Lc 22,19s; ICor 1 l,23s.)
    Jesus falava ao povo simples, com palavras cla­ras e compreensíveis. Quando usava comparações, por exemplo: “Vós sois o sal da terra; vós sois a luz do mundo”, ninguém reclamava, e não esperava ver os Apóstolos transformados em imagens de sal ou de luz. Quando, porém, Jesus disse: “Este é o pão que desceu do céu, se alguém comer deste pão, viverá eternamen­te; e o pão que Eu vos darei é a minha carne (imolada) pela vida do mundo”. (Jo 6,50-51), os judeus interpre­taram literalmente a afirmação e reclamaram: “Como pode este homem dar-nos de comer a sua carne?” E Jesus reafirma: “Em verdade, em verdade Eu vos digo: se não comerdes a carne do Filho do homem e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós; pois a minha carne é verdadeira comida e meu sangue é ver­dadeira bebida. Quem come deste pão viverá eterna­mente”; (Jo 6,52-58). Até muitos discípulos entende­ram assim, literalmente e, por isso, murmuraram e se retiraram dizendo: “É dura tal linguagem: quem pode escutá-la”? (Jo 6,60-66). Mas Jesus não se retrata para os recuperar. Pelo contrário, pergunta aos doze Após­tolos: “Também vós quereis partir?” E então Simão Pedro dá a bela resposta de fé, em nome dos Apósto­los: “Para quem iremos, Senhor? Só tu tens palavras de vida eterna e nós cremos e sabemos que és o Santo de Deus”. (Jo 6,67-71). Mas somente na Última Ceia foi lhes revelado a maneira de alimentar-se com o Cor­po e o Sangue de Jesus, velado sob as espécies de pão e vinho consagrados.
    Num outro contexto, porque as celebrações da Ceia haviam sido banalizadas por algumas comunida­des, encontramos a advertência de São Paulo escre­vendo aos Coríntios: “E por isso, todo aquele que co­mer o pão e beber do cálice do Senhor indignamente, torna-se culpado do corpo e do sangue do Senhor. Pois quem come e bebe sem fazer distinção de tal corpo, come e bebe a própria condenação” (I Cor 11,27-29).
    Na prática da recepção da Eucaristia, sob uma ou duas espécies, não existe uma diferença essencial. Os primeiros cristãos costumavam levar aos encarcerados por causa da fé, somente o pão consagrado. Quanto aos doentes, que não conseguem engolir a hóstia consagra­da, a Igreja recomenda administrar algumas gotas do vinho consagrado. E em grupos menores e preparados ou em circunstâncias especiais, já é de praxe nas co­munidades católicas a comunhão sob duas espécies. A Igreja vem recomendando aos fiéis católicos fazer sem­pre mais da participação presencial nas celebrações eu­carísticas o centro de sua vida de fé e sua prática cristã.
    A falta de uma fé viva no Cristo eucarístico, infeliz­mente tem afastado a muitos desta verdadeira “fonte da vida” como está escrito em João 6,53: “Se não comer- des a carne do Filho do homem e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós”.

MATRIMÔNIO, UM SACRAMENTO INDISSOLÚVEL?      

    AFIRMAÇÃO: A Igreja Católica proclama o ma­trimônio como sacramento indissolúvel. Outras igrejas cristãs adotam simplesmente a lei civil sobre o casa­mento e o divórcio. Qual é o ensinamento da Bíblia?
    RESPOSTA: a) A Bíblia não deixa dúvidas a respeito da indissolubilidade do matrimônio, como consta em Mt 19,3-9. Nesta disputa com os fariseus, acostumados a repudiar facilmente as suas mulheres, Jesus lhes responde: “Não lestes que o Criador, desde o princípio, os fez homem e mulher e disse: “Por isso deixa o homem pai e mãe e une-se com sua mulher e os dois formam uma só carne? Não separe, pois, o ho­mem o que Deus uniu”. Acrescentaram eles: “Então, por que Moisés mandou dar-lhes libelo de repúdio e despedi-la?” Respondeu-lhes Jesus: “Por causa da du­reza do vosso coração permitiu-vos Moisés repudiar as vossas mulheres, mas no princípio não era assim”. E agora, com a autoridade do divino Legislador, Jesus restabelece a ordem primitiva, declarando: “Ora, Eu vos digo: todo o que despedir a própria mulher, salvo em caso de concubinato, (e não de adultério, como se traduzia erradamente), e casar-se com outra, comete adultério; e quem casar-se com uma repudiada, comete adultério”.
    Em I Cor 7,10-11 São Paulo reafirma a indisso­lubilidade do matrimônio, escrevendo: “Aos casados mando - não eu, mas o Senhor - que a mulher não se separe do marido. E, se ela estiver separada, que fique sem casar, ou se reconcilie com seu marido. Igualmen­te o marido não repudie sua mulher”. Portanto, segun­do as expressas declarações da Bíblia, não há mais lu­gar para o divórcio e novo casamento, entre os cristãos casados.
    b) Sacramento. Na carta aos Efésios (Ef 5,25-33), São Paulo recomenda aos maridos amarem suas espo­sas, “como Cristo amou sua Igreja e se entregou a si mesmo por ela, a fim de a santificar... para que seja santa e irrepreensível”. E acrescenta: “Esse mistério (o sacra­mento) é grande, quero dizer, com referência a Cristo e à Igreja”.
    Por esse mistério (sacramento) o contrato natural do matrimônio e a convivência cotidiana do casal cristão, representando e encarnando o amor fecundo de Cristo à sua Igreja, é elevado a uma nova dignidade e realidade transcendental, ou ao plano sacramental.
    É verdade que nos primeiros séculos, nos tempos da perseguição, o sacramento do matrimônio não tinha ainda fórmulas prescritas e era contraído no ambiente familiar. A Igreja Católica, contudo, jamais o entregou às autoridades civis, prescrevendo, posteriormente, as exigências para sua válida celebração na Igreja.
   c) Mesmo que a Igreja Católica nunca aprove o divórcio, em alguns casos o Tribunal Eclesiástico do Matrimônio pode declarar a nulidade dum “matrimô­nio”, quando, depois de séria investigação, fica pro­vado que, na celebração de tal “casamento” na igreja, faltaram condições essenciais para sua validade, exigi­das pela lei da Igreja, (idade, liberdade, engano de uma das partes, etc.). Isso não é concessão do divórcio, mas apenas uma declaração de que, apesar da cerimônia religiosa, tal “matrimônio” não era validamente con­traído, isto é, nunca se realizou.
  d) Para todos os casados vale a exortação bíblica da carta aos Hebreus: “Seja por todos honrado o ma­trimônio, e o leito conjugal sem mácula; porque Deus julgará os fornicadores e os adúlteros” (Hb 13,4).

CASAMENTO DOS PADRES

    AFIRMAÇÃO: Os padres católicos não podem casar, por lei da Igreja. Se os padres casassem haveria mais vocações e menos escândalos. A própria Bíblia o recomenda em 1 Tim 3,2: “E necessário que o bispo seja irrepreensível, esposo de uma única mulher... ”
    RESPOSTA: São Paulo não era casado, (veja I Cor 7,8). Numa das suas cartas ele recomenda: “Sejam meus imitadores, como eu o sou de Cristo”. Escrevendo a Timóteo, que também era bispo celibatário, não lhe podia aconselhar casamento. Porém, por falta de can­didatos celibatários para a função episcopal (naquela época!), ele lhe recomenda escolher também homens casados, virtuosos. Daí na sua carta (I Tim 3,2) ele não coloca acento nas palavras: “que seja casado”..., mas nas palavras:... “esposo de uma única mulher”... e não casado com duas ou três, mesmo que sucessivamente, o que seria sinal de inconstância e paixão, deixando pouco zelo e dedicação para Deus e as almas. Em 1 Cor 7,32-33 São Paulo apresenta os argumentos em favor do celibato: “O que está sem mulher, cuida das coisas do Senhor, como há de agradar a Deus. Mas o que está casado, cuida das coisas do mundo, como há de dar gosto à sua mulher”.
    A Igreja Católica reconhece que a exigência do celibato dos padres não é de lei divina, mas de lei eclesial, que em circunstâncias especiais poderia ser abolida, mas opta pela maior perfeição, já que por este motivo os Apóstolos de Jesus deixaram a convivência matrimonial e familiar, para se dedicar inteiramente à propagação do Reino de Deus, como consta em Lucas 18,28-30: “Disse depois Pedro: ‘Eis que nós deixamos tudo para te seguir’. Ele respondeu-lhes: “Em verda­de vos digo, não há ninguém que tenha deixado casa, mulher, irmãos, pais ou filhos, por causa do reino de Deus, que não receba muito mais no tempo presente, e no século que há de vir, a vida eterna”.
    Assumindo livremente o celibato, o sacerdote imi­ta a maneira de viver de Jesus, celibatário, inteiramen­te dedicado às coisas do Pai e de seu Reino.

7.     O PAPA
                      
    AFIRMAÇAO: O Papa é a anunciada besta do Apocalipse. Pois em Ap 13,18 lemos: “Quem tem inte­ligência, calcule o número da besta, porque é número de homem: este número é 666 ”. Ora, o Papa é chama­do “Vigário do Filho de Deus ”, o que se escreve em latim: Vicárius Filii Dei. Somando aquelas letras que em latim têm valor de algarismos teríamos a soma de 666!:


V  I  C        A  R  I  U  S  F   I   L    I  I  D   E I
 I   I  I          I   I   I   I   I  I    II        I  I   I    I  I
5 1 100 - - - -  1 5 - - - - 1 50     1   1 500 —  1 = 666


    RESPOSTA: a) O texto do Apocalipse (Ap 13,18) exige que a Besta seja um homem, e não um cargo (chefes da Igreja Católica) ocupado até agora por 264 papas. Se atendermos a estes números cabalísticos, poderiam ser indicados como bestas apocalípticas, por exemplo, um dos 18 reis da França com o nome LUÍS (ou qualquer outro Luís) que se escreve em latim: Lu- dovicus, e que na contagem latina dá também a soma 666; ou ainda a doutrina adventista Ellen Gould White.


L    U    D    O    V    I    C   U   S
I      I     I              I     I       I     I
50    5    500            5 1 1 0 0 5 = 666


E   L   L   E   N   G   O   U   L   D   W   H   I   T   E
I     I    I    I    I    I     I    I     I    I    I      I     I   I    I
- 50 50             5 50 500 5 + 5- 1 --=666

    b) É importante notar que nenhum Papa usou o tí­tulo de “Vigário do Filho de Deus”. Entre os títulos que lhe são conferidos estão: “Servo dos servos de Deus”, “Bispo de Roma”, “Vigário de Jesus Cristo”, “Patriarca do Ocidente”, etc.
    c) No mesmo capítulo Ap 13,6-8 e 15, João descre­ve a atuação desta Besta: “A Besta abriu a sua boca em blasfêmias contra Deus, para blasfemar o seu nome, o seu tabernáculo e os que habitam o céu. Foi lhe per­mitido fazer que fossem mortos todos aqueles que não adorassem a imagem da besta”.
   d) Cada livro da Bíblia foi escrito e destinado, em primeiro lugar, ao povo contemporâneo, da mes­ma época, e só em segundo lugar poderia conter alguma profecia, referente aos tempos futuros. As­sim, João Evangelista escreveu o Apocalipse para os cristãos da Asia Menor, perseguidos pelo cruel César Nero e seus sucessores, predizendo-lhes a vi­tória final de Cristo sobre eles. Ora, estes cristãos não entendiam o latim, senão o grego e o hebraico. (E se por acaso descobrissem, na tradução latina, esta acusação contra o Papa, iriam rejeitá-la como calúnia diabólica; pois tanto São Pedro, como os 30 Papas dessa época, foram todos martirizados por sua fidelidade a Cristo).
     Porém, eles facilmente calcularam o nome grego de César Nero, em caracteres hebraicos, desta manei­ra, da direita para esquerda:

N     V     R  e     N   -  R     a     S     e     Q
 I        I         I        I      I             I            I
50    6     200     50  200     60     100      =  666

    César Nero, sim, exigia para si as honras divinas e mandou matar os Apóstolos Pedro e Paulo e milhares de outros cristãos. O mesmo fizeram alguns de seus sucessores.

    e) Para os cristãos-católicos, o Papa é sempre o su­cessor de São Pedro, atribuindo-lhe as seguintes pro­messas de Cristo:

    MT 16,18: “Eu digo: tu és Pedro e sobre esta Pe­dra edificarei a minha Igreja... A ti darei as chaves do Reino dos céus...”
    Lc 22,31-32 “Simão, Simão, eis que satanás vos procurou para vos joeirar como trigo, mas Eu roguei por Ti, a fim de que tua fé não desfaleça. E tu, uma vez convertido, confirma os teus irmãos”.
    Jo 21,15-17: “Jesus perguntou a Simão Pedro: Si­mão filho de João, amas-me mais que estes? Respon­deu-lhe ele: Sim, Senhor, tu sabes que eu te amo! Diz- lhe Jesus: Apascenta os meus cordeiros...” (Apesar da anterior negação de Pedro, predita por Jesus).
    f) Para aqueles que chamam o Papa de Anticristo, que deve aparecer pelo fim do mundo, responde João Apóstolo na sua carta (I Jo 2,18-19): “O anticristo está para vir, mas digo-vos que já agora há muitos anti- cristos... Eles saíram de entre nós, mas não eram dos nossos; porque, se tivessem sido dos nossos, ficariam certamente conosco”. E claro que S. João era sempre unido a São Pedro e seus sucessores.

POBREZA DO PAPA

    AFIRMAÇÃO: Jesus nasceu pobre na gruta de Belém. Por que o Papa, em Roma, vive no rico palácio do Vaticano ao lado da rica basílica de São Pedro?
    RESPOSTA: Numa parábola (Mt 13,31-32) Jesus compara o Reino de Deus (cuja manifestação temporal e sacramental é a Igreja) com o grão de mostarda, que semeado, cresceu e tornou-se grande árvore, e em seus ramos aninharam-se aves vindas de toda parte.
    Assim na vida de Jesus, esta sementinha era, ini­cialmente, apenas o seu pequeno grupo de discípulos, logo acrescido de santas mulheres, muitos outros dis­cípulos e, naturalmente, sua Mãe, Maria. Jesus andava com eles e ensinava o povo à beira do lago ou nos montes. Também pregava nas sinagogas, visitava e orava no magnífico templo de Jerusalém, cuja des­truição ele anunciou. E, com extraordinária energia, derrubando as mesas e com um chicote na mão, expul­sou os profanadores do Templo, a “Casa do Pai” (Mt 21,12) e (Mc 12,42).
    Ao longo dos séculos, a Igreja foi aumentando o número de seus membros e suas comunidades, neces­sitando de espaços sempre maiores para a realização de seus cultos, dependendo dos países e das culturas nas quais estas comunidades iam se constituindo.
    Como na sociedade civil, assim na Igreja “que é fei­ta de homens”, há Bispos e párocos com igrejas e suas moradas. E há o Papa que preside toda Igreja, utilizan­do, com seus auxiliares imediatos, departamentos no Vaticano e, ele mesmo, residindo num modesto apar­tamento. Na sociedade civil e em muitas igrejas cristãs, as autoridades, pastores e chefes de igrejas têm suas fa­mílias que herdam, naturalmente, os bens destas autori­dades. Embora a história registre dolorosos escândalos, atualmente o Papa, quando morre, não deixa bens mate­riais como herança. E sempre é importante lembrar: os chamados “bens da Igreja” (templos, museus, praças, etc.) não são bens pessoais ou particulares desta ou da­quela autoridade eclesiástica, mas sim, bens públicos, geralmente abertos para todas as pessoas.

COMÉRCIO DE IMAGENS       

    AFIRMAÇÃO: Em Roma (e noutros lugares) vendem-se lembranças com a imagem e a bênção do Papa que ele nunca abençoou nem viu. Isto não é um escandaloso “comércio de imagens ”?
    RESPOSTA: Como Jesus curou à distância o servo do centuriâo e a filha da mulher cananéia, sem contato palpável ou visual (Mt 8,13 e 15,28), assim também a bênção do Papa e toda bênção pode atuar à distância. O que cura e salva é, sempre, a fé da pes­soa que crê. Quanto ao ingresso econômico que pos­sa render, este é destinado para boas obras, ajuda em situações de desastres ecológicos ou naturais, contri­buições para toda sorte de instituições de caridade ou assistenciais. Na própria cobrança do dízimo, que vem desde as primitivas comunidades cristãs para os servi­ços eclesiais, a Igreja sempre recomenda que se tenha presente, acima de tudo, a caridade e jamais se exija dos fiéis o que está além de suas possibilidades econô­micas. Sabe-se que em muitas organizações eclesiais que se dizem cristãs, o dízimo se transformou numa fonte de lucro e bem-estar para seus pastores e suas fa­mílias. Os abusos neste campo devem ser denunciados a quem de direito, seja a autoridade eclesiástica, seja a autoridade civil. É de todos conhecido que neste cam­po vem acontecendo verdadeiros “casos de polícia!”

INTERPRETAÇÃO DA BÍBLIA

    AFIRMAÇÃO: Os protestantes proclamam a plena Uberdade individual na interpretação da Bíblia. Por que a Igreja Católica não a permite?
    RESPOSTA: a) É sabido que os originais dos tex­tos bíblicos foram escritos em hebraico, aramaico e grego. O que nós lemos são traduções destes idiomas, quando não tradução de tradução. A livre interpretação da Bíblia, especialmente por parte de pessoas sem a necessária formação exegética e lingüística, pode le­var - e tem levado, de fato - a uma dolorosa divisão entre os cristãos, contrariando a oração sacerdotal de Jesus na Última Ceia: “Não rogo só por eles, mas tam­bém por aqueles que hão de crer em mim, por meio da sua palavra, para que todos sejam um, assim como tu, Pai, estás em mim e eu em ti; também eles sejam um em nós, a fim de que o mundo creia que tu me envias­te” (Jo 17,20-21).
    A Igreja Católica tem zelado para permanecer fiel e obediente à vontade de Jesus. Por isso, apesar de tan­tos séculos, tantas raças e línguas, ela guarda firme­mente a unidade, toda doutrina e todos os sacramentos. São Paulo recomendava em I Tm 3,14-15:
“Escrevo-te para que saibas como deves portar-te na casa de Deus, que é a Igreja de Deus vivo, coluna e fundamento da verdade”.
    b) Há segmentos de cristãos protestantes que argu­mentam em favor da livre interpretação da Bíblia com as palavras de São Paulo (II Tim 3,14-17): “Desde a infância você conhece as Escrituras... Toda a Escritura divinamente inspirada é útil para ensinar, para repre­ender, para corrigir, para formar na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito, apto para toda a obra boa”. A boa obra por excelência, recomendada por Jesus e igualmente por São Paulo, repetidas vezes, é a união de todos os cristãos na mesma Igreja, Corpo místico de Cristo, na mesma fé, na mesma doutrina e tradição apostólica.
    Escutemos, ainda, as claras advertências bíblicas da carta de São Pedro: (11 Pd 1,20) “Sabei, porém, an­tes de tudo, que toda profecia contida na Escritura não será sujeita à interpretação particular”. E mais para frente ele escreve: (II Pd 3,16) “Nas quais (cartas de São Paulo) há algumas coisas difíceis, que os igno­rantes e inconstantes adulteram, como fazem também com outras escrituras, para sua própria perdição”.
    c) Fazendo uma comparação com a vida social organizada, cada um é livre para comprar livros me­dicinais e estudá-los. Mas somente os que têm forma­ção específica, que são diplomados como médicos, são autorizados a dar consultas e receitas, ou a fazer operações nos hospitais. E ninguém de nós arriscaria submeter-se a uma simples operação de apendicite por um “curioso” em medicina, quanto mais a um trans­plante de rins ou do coração!
    As mesmas regras valem na pilotagem dos aviões e navios. Todos podem ler os livros de engenharia e pilotagem: mas somente os pilotos aprovados e diplo­mados ficam autorizados a conduzi-los.
    Assim também numa sociedade religiosa orga­nizada, na Igreja. Todos são convidados a escutar os textos bíblicos, a ler e meditar as Sagradas Escrituras. Mas a interpretação destes textos, especialmente os mais difíceis e complexos, exigem “especialistas” nes­te campo, e que se tomam consultores e assessores das autoridades estabelecidas na Igreja (Papa, bispos, sa­cerdotes, ministros ordenados, catequistas...) para que possam cumprir com maior propriedade a sua missão de “ensinar a sã doutrina”. E a promessa/palavra de Je­sus possa realizar-se neles e por eles: “Quem vos ouve, a mim ouve; quem vos despreza, a mim despreza; e quem me despreza, despreza aquele que me enviou” (Lc 10,16).

BÍBLIA, ÚNICA FONTE DE FÉ?

    AFIRMAÇÃO: Para os protestantes a Bíblia é a única fonte da fé e da revelação divina, enquanto os católicos reconhecem 3 fontes: A Bíblia, a tradição apostólica e o magistério da Igreja. Quem tem razão?
    RESPOSTA: A própria Bíblia não apresenta ne­nhum índice dos Livros Sagrados, e não afirma em ne­nhuma parte ser ela a única fonte da fé e da Palavra de Deus. Pelo contrário, lemos nela que, por muitos sécu­los, Deus confiou oralmente a sua Palavra e Aliança a Noé e a Abraão, que pela tradição oral passavam de pai para filhos por muitas gerações (Gen 4,8s e 15,18s). Também Moisés recebeu a Palavra e a Aliança de Deus oralmente. E mesmo depois, quando escreveu os pri­meiros livros da Bíblia, guardados na Arca da Aliança, o ensinamento bíblico foi confiado ao sacerdote Aarâo e seus filhos (Lev 10,8-11).
    Também Jesus não escreveu e não mandou escre­ver nenhum livro, mas escolheu, ensinou e autorizou oralmente os Apóstolos, ordenando-lhes: “Foi-me dado todo o poder no céu e na terra. Ide, pois, pregar a todos os povos... ensinando-os a observar tudo o que vos mandei” (Mt 28,18-20).

    Cumprindo esta ordem, os primeiros cristãos espa­lharam o Evangelho por tradição oral, em toda a parte, durante os primeiros decênios, como se pode ler nas seguintes cartas de S. Paulo:
    (Tit 1,5) “Deixei-te em Creta para que regules o que falta e estabeleças presbíteros nas cidades, segundo as prescrições que te dei” (II Tm 2,1-2). “Tu, pois, meu filho, fortifica-te na fé que está em Jesus Cristo, e o que ouviste de mim diante de muitas testemunhas, confia-o a homens fiéis, que sejam capazes de instruir a outros”.
    (I Tes 2,13) “Não cessamos de dar graças a Deus, porque ao receberdes a Palavra de Deus, que de nós ouvistes, vós a recebestes não como palavra humana, e sim o que realmente é, como Palavra de Deus”.
    (II Tes 2,15) “Conservai as tradições que apren­destes ou por nossas palavras ou por nossa carta”.
   
    Sobre a autoridade de Pedro, reunido com os Apóstolos e presbíteros em Jerusalém (o Magistério de então), temos um claro
testemunho em At 15,6-29): “Reuniram-se então os Apóstolos e presbíteros para examinar a questão (da circuncisão dos pagãos con­vertidos). E depois de ter discutido longamente, Pedro ergueu-se e disse: “(...) Tendo nós sabido que alguns, saindo do meio de nós, sem nenhuma ordem de nos­sa parte, vos perturbaram com discursos que agitaram as vossas almas, aprouve a nós, depois de nos termos reunido, escolher alguns homens e enviá-los a vós (...) que vos exporão as mesmas coisas de viva voz. Pare­ceu bem ao Espírito Santo e a nós, de não vos impor mais nenhum outro peso”.
    Esta autoridade Pedro a tinha recebido de Jesus, quando este lhe disse (Mt 16,18-19): “Eu te digo: tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja. Eu te darei as chaves do Reino dos céus, e o que ligares na terra, será ligado nos céus; e o que desligares na terra, será desligado nos céus”. Em Jo 16,12-13 Jesus acrescentou a promessa: “Quando vier o Espírito da verdade, guiar-vos-á por toda a verdade”.
    Pode-se concluir, então:
 Jesus escolheu, autorizou e enviou os Apósto­los, sob a presidência de Pedro, a evangelizar todos os povos, estabelecendo assim um magistério na Igreja.
 Este ensinamento, oral e pelas cartas, foi trans­mitido pelos Apóstolos, como Tradição Apostólica, aos bispos e presbíteros por eles escolhidos e consa­grados (Mt 1,5; II Tim 2,12; I Pd 5,1-2).
 Somente depois de mais de 2 séculos, o Papa, reunido com os Bispos em Concílio, declarou uma par­te destes escritos da Tradição, como Cânon de Livros Sagrados, ou Sagrada Escritura, ou Bíblia: reservando- se o direito e a obrigação de vigiar sobre sua autêntica interpretação, de acordo com a Tradição Apostólica.
    Daí, quando os Católicos obedecem ao Magisté­rio da Igreja, eles têm a certeza interior de cumprir a vontade de Deus; mesmo quando estão exercendo prá­ticas que não estão explicitamente ensinadas na Bíblia. São exemplos as diversas e tradicionais devoções que integram uma prática secular da vivência religiosa do católico ou quando deixam de lado muitas prescrições, que por motivos especiais, circunstanciais, obrigavam o povo de Israel no Antigo Testamento.
    Se alguém quisesse seguir à risca os preceitos e tomar como verdade absoluta e irrecorrível os textos bíblicos (“de capa a capa”, como alguns afirmam), te­ria que, por exemplo: não acender fogo (para cozinhar) em nenhuma moradia, no sábado (Ex. 35,3); não se­mear diferentes espécies de semente no mesmo campo
(Lev 19,19); não semear e não colher nada, nos cam­pos e na vinha, no ano sabático (Ex 23,10-11) e Lev 25,3-5); não comer os frutos das árvores durante os primeiros 3 anos (Lev 19,23-25); não receber sangue, nem comer carne com sangue (Lev 17,10-14 e 19,26); não comer coelho, lebre, porco e os demais animais “impuros”
 (Lev 11,1-47); punir de morte os blasfema- dores, homicidas, adúlteros, homossexuais, os trans­gressores do sábado, os que tiverem amaldiçoado os pais, ou evocado os espíritos, etc. (Ex 35,1-3 e Lev 20,9-27; 24,10-23).

BÍBLIA E SEITAS     

    AFIRMAÇÃO: Para muitos católicos e, mesmo, para autoridades da Igreja, todas as igrejas cristãs não católicas, são seitas. Historicamente, a Igreja ca­tólica não tem sido nada misericordiosa no julgamen­to e no castigo dos que não seguiam seus preceitos e leis.
    RESPOSTA: Primeiro, a Igreja faz uma clara dis­tinção entre as Igrejas históricas, com quem mantém um diálogo fecundo e intenso, especialmente depois do Concílio Ecumênico Vaticano II, e os novos movi­mentos religiosos, de prática religiosa fundamentalista, que fazem do discurso anti-católico um dos conteúdos principais de sua pregação. Daí vem o termo “seitas”, cujas características são o fanatismo, o proselitismo, a intransigência, a obediência cega ou ingênua às ordens da autoridade, no caso, dos pastores destas igrejas. Feita de homens, a Igreja católico-romana reconhece seus muitos pecados neste sentido, ao longo de dois mil anos, e vem pedindo perdão por seus equívocos e seus erros. Por outro lado, busca zelar pelas verdades da fé e encontra na Bíblia respostas que respaldam seu zelo. E que deveria ser partilhado por todas as expres­sões religiosas que se dizem cristãs, sempre fiéis ao ensinamento fundamental do Senhor: acima de tudo, a caridade.
    O Antigo Testamento é contundente na sua con­denação aos que se opõem ou se afastam da Lei do Senhor. Assim, em Números (Num 14,1-38), lemos como Moisés enviou 12 príncipes (um de cada tribo) para explorar a Terra Prometida. Dez deles, porém, de­pois de terem voltado, fizeram murmurar todo o povo contra Moisés e Aarão, dizendo: escolhamos um (ou­tro) chefe e voltemos para o Egito. Por castigo, os dez exploradores revoltados morreram feridos por uma praga, diante do Senhor, e todos os adultos Israelitas, (acima de 20 anos), “deixaram seus cadáveres apodre-ser no deserto”. Somente os dois exploradores fiéis a Moisés, Josué e Caleb, entraram na Terra Prometida.
    Semelhante castigo infligiu Deus a Coré, Datan e Abirão e seus 250 sectários, revoltados contra a autori­dade de Moisés e Aarão. Os três foram engolidos pela terra, que se abriu à vista de todos, e os demais foram devorados pelo fogo caído do céu (Num 16,1 -35).
    Para o povo da Nova Aliança previu Deus o mes­mo regime de um só governo, pela profecia de Daniel (Dan 2,44): “No tempo desses reis (do império Roma­no), o Deus do céu suscitará um reino que jamais será destruído... e subsistirá sempre”.
    Nos Livros Sagrados não encontramos textos que aprovem ou admitam divisões, obviamente. Pelo con­trário, lemos no Evangelho de João 11,51 -52 o oráculo divino: “Jesus devia morrer pela nação, mas também para que fossem reconduzidos à unidade os filhos de Deus dispersos”. Muitas seitas, como já se disse, fa­zem do anti-catolicismo seu principal discurso e práti­ca, promovendo, com isso, a dispersão.
    Outras passagens alertam para as dolorosas e la­mentáveis divisões e dissensões. Em Atos dos Após­tolos (20,28-31), a advertência na despedida de S. Paulo: “Cuidai de vós mesmos e de todo o rebanho, sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos, para pastorear a Igreja de Deus, que ele adquiriu com o seu próprio sangue. Sei que depois de minha par­tida se introduzirão entre vós lobos cruéis, que não pouparão o rebanho. Mesmo dentre vós surgirão ho­mens que hão de proferir doutrinas perversas, com o intento de arrebatarem após si os discípulos. Por isso, vigiai!”
    Na segunda carta de Pedro (2,1 s): “Assim como houve entre o povo (de Israel) falsos profetas, assim haverá entre vós falsos doutores, que introduzirão dis­farçadamente seitas perniciosas. Eles, renegando as­sim o Senhor que os resgatou, atrairão sobre si uma ruína repentina. Muitos os seguirão nas suas desordens e serão, deste modo, a causa de o caminho da verdade ser caluniado. Movidos por cobiça, eles vos hão de ex­plorar por palavras cheias de astúcia...”
    Em Gálatas (Gal 1,7-9): “De fato, não há dois (Evangelhos): há apenas pessoas que semeiam a con­fusão entre vós e querem perturbar o Evangelho de Cristo. Mas, ainda que alguém, nós ou um anjo bai­xado do céu, vos anunciasse um evangelho diferente do que vos temos anunciado, que ele seja anátema” (maldito).
    Paulo, na carta aos romanos (Rom 16,17-18): “Ro- go-vos, irmãos, que desconfieis daqueles que causam divisões e escândalos, apartando-se da doutrina que recebestes. Evitai-os! Esses tais não servem a Cristo nosso Senhor, mas ao próprio ventre. E com palavras adocicadas e linguagem lisonjeira enganam os cora­ções simples”.
    Na carta a Tito (Tt 3,10-11): “O homem que assim fomenta divisões, depois de advertido uma primeira e uma segunda vez, evita-o, visto que esse tal é um per­verso, que, perseverando no seu pecado, se condena a si próprio”.
    Paradigmática, especialmente neste nosso tempo, é esta passagem da carta de Paulo a Timóteo (II Tim 6): “Virá tempo em que os homens já não suporta­rão a sã doutrina. Levados pelo prurido de escutar coi­sas novas, juntarão mestres para si de acordo com seus próprios desejos. Desviarão os ouvidos da verdade e os abrirão às fábulas. Tu, porém, sê prudente em tudo, paciente nos sofrimentos, cumpre a missão do prega­dor do Evangelho, consagra-te ao teu ministério”.
    A Igreja, que quer ser Mãe, Mestra e um sacramen­to de salvação, já não tem como doutrina sua de que, “fora da Igreja não há salvação”, e diz, oficialmente, que o Deus cristão, Pai de Jesus, na sua infinita miseri­córdia, oferece sua salvação a todo aquele, homem ou mulher, que ilumina seus atos e seu viver pela justiça, a solidariedade, o amor, cumprindo, assim, a Sua von­tade.

PECADORES NA IGREJA CATÓLICA

    AFIRMAÇÃO: Muitos batizados católicos são pecadores, ladrões, viciados, adúlteros, etc., por isso a Igreja Católica não pode ser a verdadeira Igreja de Cristo.
    RESPOSTA: A Igreja é herdeira do Povo de Deus do Antigo Testamento, o povo da Nova e Eterna Alian­ça. A Bíblia testemunha como Deus castigava severa­mente, até com a morte, os pecados do povo de Israel, mas não expulsava ninguém! Afirmava: “Não quero a morte do pecador, mas que se converta e viva” (Ez 33,11).
    Baseado nestes e outros textos bíblicos, a Igreja pode punir de diversas formas a quem, publicamente, despreza ou não quer seguir seus preceitos. Mas, espe­cialmente depois do Concílio, qualquer ação punitiva da Igreja opta sempre mais pela misericórdia do que pela expulsão, pura e simples.
    Nos Evangelhos, Jesus compara o Reino dos Céus a um campo, cujo dono permite crescer o joio junto com o trigo, e somente no tempo da colheita ordenará aos ceifadores: “Apanhai primeiro o joio e atai-o em feixes para ser queimado; mas o trigo recolhei-o no meu celeiro” (Mt 13,24-30).
    O mesmo se dá na parábola da rede com bons e maus peixes (Mt 13,47-50): “... Assim acontecerá no fim do mundo: virão os anjos e separarão os maus do meio dos justos e os lançarão na fornalha do fogo. Ali haverá choro e ranger de dentes”.
    O próprio Jesus aceitou nas primícias da Igreja, no grupo de discípulos, um pecador público, o publicano Mateus, dando-lhe a oportunidade de fazer-se um san­to. Aos fariseus, escandalizados com semelhante atitu­de, Jesus respondeu: “Não precisam de médico os que têm boa saúde, mas os doentes... Eu não vim chamar os justos, mas os pecadores” (Mt 9,9-13).
    Há pessoas que, honestamente, deveriam rever sua posição quando aplicam à Igreja a comparação de Je­sus sobre a má árvore, reconhecida pelos maus frutos. Lendo esta comparação com atenção, verificamos que Jesus fala nela somente de pessoas particulares. Em Lucas 6,43-45 Jesus termina esta comparação, con­cluindo: “O bom homem tira do bom tesouro do seu coração coisas boas, e o mau homem tira do mau te­souro coisas más. Porque da abundância do coração fala a boca”. E em Mateus 7,15-20 Jesus nos acautela diante dos falsos profetas que vêm em pele de ovelha, mas por dentro são lobos devoradores, aos quais nós devemos reconhecer pelos seus frutos. Ora, em João 1,12-16 Jesus denuncia os maus frutos destes lobos, que consistem em: “arrebatar e dispersar as ovelhas”, que Ele, como o Bom Pastor, deseja reunir e guardar “num só rebanho sob um só pastor”.
    Para historiadores honestos, a existência contínua da Igreja durante mais de 20 séculos - apesar de tantos pecadores, heréticos e perseguidores - é a mais evi­dente prova de sua origem divina e da eficácia da pro­messa do seu Fundador, Jesus Cristo: “Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno não poderão vencê-la” (Mt 16, 18), e: “Eu estarei convosco todos os dias até o fim do mundo” (Mt 28,20).

VIRGINDADE DE MARIA        

AFIRMAÇÃO: Os católicos crêem e ensinam que Maria foi sempre virgem, “antes, durante e depois do parto ”. Em vários lugares da Biblia (por exemplo, em Mc 3,31-32) fala-se de irmãos de Jesus. Portanto Maria devia ter outros filhos, além de Jesus!
RESPOSTA: Na linguagem bíblica, “irmão” é freqüentemente usado em lugar de primo, sobrinho, tio, parente. Por exemplo, em Gênesis 13,8 Abraão diz a Ló: “Somos irmãos”, enquanto Gênesis 11,27-31 consta claramente que Ló era filho de Arão, irmão de Abraão, portanto seu sobrinho.
    Também Labão, em Gênesis 29,15, fala a Jacó: “Por seres meu irmão, servir-me-ás de graça?”. Mas em Gênesis 27,43 e 29,10-11, Labão é declarado irmão de Rebeca, mãe de Jacó, e tio dele.
    Os evangelistas Mateus e Marcos, (em Mt 13,55 e Mc 6,3) enumeram como “irmãos de Jesus”, Tiago, José, Judas Simão. Porém, na cena da crucificação de Jesus, João Evangelista coloca debaixo da cruz “Sua Mãe, a irmã de sua Mãe, Maria, mulher de Cléofas, e Maria Madalena”. Enquanto Marcos acrescenta, que esta outra Maria (irmã da Mãe de Jesus) era mãe de Tiago, o Menor, e de José. Estes últimos eram, portanto, sobrinhos de Maria e primos de Jesus (Jo 19,25 e Mc 15,40). Ora, Judas (Tadeu) declara-se, no início de sua carta apostólica (Jd 1,1), “servo de Jesus Cristo e irmão de Tiago”. O mesmo se dá com Simão Pedro.
    Alguns teimam em tirar uma conclusão descontex- tualizada de que Maria, depois da concepção virginal do Salvador, teria tido relações e outros filhos com José, dos três seguintes textos bíblicos:
    1º Mt 1,18: “Maria, sua Mãe, estava desposada com José. Antes de coabitarem, ela concebeu por vir­tude do Espírito Santo”. “Antes de coabitarem” signi­fica apenas: antes de morarem juntos na mesma casa. Isso aconteceu, quando “José fez como o anjo do Se­nhor lhe havia mandado e recebeu em sua casa sua esposa (Maria)” (Mt 1,24).
    2° Lc 2,7: “Maria deu à luz o seu filho primogêni­to”. E um equívoco concluir que devia seguir o segun­do ou mais filhos. A lei mosaica exige: “Consagrar- me-ás todo o primogênito (primeiro gerado) entre os israelitas, tanto homem como animal: ele é meu.” (Ex 13,2). Também quando o primogênito era filho único. Um exemplo: no Egito foi encontrada uma inscrição judaica: “Arisoné entre as dores do parto morreu, ao dar à luz seu filho primogênito”.
    3º  Mt 1,25: Encontramos em algumas traduções: “José não conheceu Maria (não teve relações com ela) até que ela desse à luz um filho (Jesus)”. Daí não se pode concluir, simploriamente, que depois daquele “até” José “conheceu” Maria, isto é, teve relações com ela. “Até”, na linguagem bíblica, refere-se apenas ao passado. Exemplo: “Micol, filha de Saul, não teve fi­lhos até ao dia de sua morte” (II Sm 6,23).
    4º  Como fidelíssimo observador da Lei de Moisés, Jesus não podia, na hora de sua morte na cruz, confiar sua Mãe a João (Jo 19,26), mas devia tê-la confiado ao filho mais idoso dela, se ela de fato os tivesse.
    5º  Por isso, o Símbolo dos Apóstolos, que é mais antigo do que o Cânon dos Livros Sagrados, reza: “Nasceu da Virgem Maria”, no sentido que lhe dava Sto. Agostinho: “Virgem concebeu, Virgem deu à luz, Virgem permaneceu”.
    Conseqüentemente, os “irmãos” (primos, paren­tes) de Jesus, tão freqüentemente mencionados nos escritos do Novo Testamento, não podem ser reconhe­cidos como filhos carnais de Maria e José, confirman­do a tradição apostólica. Mesmo os Muçulmanos, nos seus livros sagrados, veneram a Mãe de Jesus como Virgem.

ADORAÇÃO” A MARIA E AOS SANTOS

    AFIRMAÇÃO: A adoração de Maria e dos Santos é contrária ao ensinamento da Bíblia que diz em Lucas 4,8: “Adorarás o Senhor teu Deus e só a Ele servirás”, e na I carta a Timóteo 2,5: “Há um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo, Homem ”,
    RESPOSTA: a) Os católicos distinguem clara­mente entre adoração, que devemos somente a Deus/ Criador c Jesus Cristo/Salvador, e veneração, que im­plica respeito, admiração, imitação, amor, etc., como se costuma demonstrar aos pais, a heróis da pátria ou da Igreja, erguendo em honra deles monumentos, e dando seus nomes a cidades, montanhas, praças, ruas, etc. Nada mais humano e também bíblico!
    No texto bíblico, o próprio Deus venera os nomes dos santos patriarcas, permitindo ser denominado “o Deus de Abraão, de Isaac e de Jacó” (Ex 3,6).
    Foi Deus que enviou o anjo Gabriel para saudar a Virgem Maria: “Ave, cheia de graça!” (Lc 1,28) e co­locou na boca de Isabel as palavras inspiradas: “Ben­dita és tu entre as mulheres” (Lc 1,42).
Inspirada pelo Espírito Santo, Maria diz: “Dora­vante todas as gerações me chamarão bem-aventura­da” (Lc 1,48).
    Cumprindo estas profecias bíblicas e repetindo, com respeito e amor na oração da “Ave Maria”, a sau­dação do anjo Gabriel e de Isabel, os católicos seguem, coerentemente, as indicações da Bíblia. Até no sentido humano seria um reducionismo e um empobrecimento da expressão da nossa fé dirigir-se e cultuar apenas e somente a Deus.
    b) A própria Bíblia aplica o título de “mediador” também a Moisés (Dt 5,5): “Eu fui naquele tempo in­térprete e mediador entre o Senhor e vós”. E S. Paulo, na mesma carta em que declara Jesus como único me­diador entre Deus e homens, indica também mediadores “secundários” (ITm 2,1-5): “Recomenda que se façam preces, orações, súplicas e ações de graças por todos os homens...”. Pois, fazer orações por outros é, de fato, ser intercessor e mediador entre Deus e os outros.
    c) Para aqueles que admitem que os vivos podem interceder em favor dos outros, mas negam esta pos­sibilidade aos falecidos, mesmo à Virgem Maria e aos Santos, a Bíblia afirma, em II Mac 15,12-15: “Parecia- lhe (a Judas Macabeu) que Onias, sumo sacerdote (já falecido!) orava de mãos estendidas por todo o povo judaico. Onias, apontando para ele, disse: “Este é ami­go de seus irmãos e do povo de Israel; é Jeremias (fale­cido!), profeta de Deus, que ora muito pelo povo e por toda a cidade santa”.
    Se, pois, de acordo com o texto bíblico, Moisés e Timóteo em vida, e Onias e Jeremias depois da morte, como ainda muitas outras pessoas, rezam a Deus e são mediadores entre Ele e o povo, parece incoerente im­pedir a quem quer que seja a intercessão a Maria e aos Santos. Por isso, desde os primeiros séculos, os fiéis cristãos rezavam: “Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós pecadores, agora e na hora de nossa morte”.
    Portanto, as palavras de S. Paulo... “Há um só me­diador entre Deus e homens, Jesus Cristo, Homem”, a tradição apostólica as entendia como sendo Jesus Cristo o único Mediador (primeiro) que nos mereceu todas as graças e a salvação eterna, pela sua vida, mor­te e ressurreição. Só ele pode nos dar dos seus méri­tos, sem recorrer a nenhum outro mediador. Enquanto sua mãe, Maria, e os Santos intercedem por nós pe­cadores, como mediadores secundários, por meio de Jesus, recorrendo a seus méritos e sua mediação. Por isso, cada oração litúrgica termina: “Por nosso Senhor Jesus Cristo...” Esta verdade herdamos dos primeiros cristãos. Antes de serem escritos os Evangelhos, eles aprenderam no “Símbolo Apostólico” (ou Credo dos Apóstolos) “Creio na Comunhão dos Santos”.

PURGATÓRIO

    AFIRMAÇÃO: Os católicos acreditam na exis­tência do purgatório, mas a Bíblia não fala dele!
    RESPOSTA: Na Bíblia, de fato, não se encontra o termo “purgatório”, como também não achamos as pa­lavras “sacramento da Confissão”, da “Eucaristia” ou do “Crisma”. No entanto, a Bíblia descreve situações, estados ou lugares que se identificam com a idéia de purgatório.
    Em II Mac 12, 43-46 lemos: “Judas, tendo feito uma coleta, mandou duas mil dracmas de prata a Jeru­salém, para oferecer um sacrifício pelo pecado. Obra bela e santa, inspirada pela crença na ressurreição. Santo e salutar pensamento de orar pelos mortos. Eis porque ele ofereceu um sacrifício expiatório pelos de­funtos, para que fossem livres de seus pecados.” Ora, ser livre de seus pecados, depois da morte, pelo sacrifí­cio expiatório, indica a existência de um tempo/lugar, uma espécie de ante-sala do céu, que se convencionou chamar “purgatório.
    Alguns biblistas percebem a confirmação do pur­gatório nas palavras de Jesus em Mt 5, 25-26: “Põe- te depressa de acordo com o teu adversário, enquanto estás ainda em caminho (da vida) com ele, a fim de que teu adversário não te entregue ao juiz, e o juiz ao guarda, e sejas metido na prisão. Em verdade te digo: não sairás de lá, enquanto não pagares até o último centavo”. É claro que Jesus fala do justo juízo divino, depois da morte. Ora, esta “prisão” depois da morte, depois de ter pago o último centavo (seja pelo sofri­mento próprio, seja pelas orações e expiações dos vi­vos), identifica-se com a idéia e a crença na existência do purgatório.
    Outra alusão à existência do purgatório encontra­mos em I Cor 3, 12-15: “... Aquele, cuja obra (de ouro, prata, pedras preciosas) sobre o alicerce resistir, esse receberá a sua paga; aquele, pelo contrário, cuja obra, de madeira, feno, ou palha, for queimada, esse há de sofrer o prejuízo; ele próprio, porém, poderá salvar-se, mas como que através do fogo”. Também aqui a Tradi­ção Apostólica entendia o fogo do purgatório.
    Entre outras testemunhas cristãs dos primeiros sé­culos, escreve Tertuliano: “A esposa roga pela alma de seu esposo e pede para ele refrigério, e que volte a reunir-se com ele na ressurreição; oferece sufrágios todos os dias e aniversários de sua morte.” (De Mono­gamia, 10)

SANTIFICAÇÃO DO SÁBADO OU DOMINGO?   

    AFIRMAÇÃO: A Bíblia ordena (Ex 20, 8s): “Lem- bra-te de santificar o dia de Sábado Por que, então, os católicos guardam o Domingo como dia santo?
    RESPOSTA: Em Mc 2, 27-28 afirma Jesus: “O sábado foi feito para o homem e não o homem para o sábado. Por isso o Filho do Homem é Senhor também do sábado”. Sendo, pois, Senhor do sábado, Jesus insi­nua e aponta para um “novo tempo”, inaugurado com sua ressurreição, no “primeiro dia da semana”, quer dizer, no Domingo. A Tradição acredita que a vinda do Espírito Santo tenha, igualmente, acontecido no “primeiro dia da semana”, num Domingo, portanto, quando a Igreja celebra também a sua inauguração ou fundação (Mc 16, 9 e At 2, 1).
    Vários textos bíblicos indicam que já no tempo apostólico o Domingo era santificado como o novo Dia do Senhor. Em Atos, 20, 7, lemos: “No primeiro dia da semana (domingo), estando nós reunidos para a fração do pão (eucaristia), Paulo falava...”. Da mesma forma em I Cor 16, 2: “No primeiro dia da semana, cada um de vós ponha de parte...”
    No último livro da Bíblia, no Apocalipse (1, 10) de João Evangelista, já se usa a nova denominação cris­tã, “Domingo”, “Dia do Senhor”, em lugar do judaico “primeiro dia da semana”, ou do romano “dia do sol”, testemunhando que já naquela época os cristãos cele­bravam este dia, chamando-o de “Dia do Senhor, do Ressuscitado”.
    Obviamente, exegetas e cientistas estão de acor­do que os sete dias bíblicos da criação se referiam a épocas de milhares ou milhões de anos. Não existe povo ou cultura que possa historicamente provar que dia da nossa semana era o Io dia. O “Sábado” bíblico, na língua hebraica, está relacionado com “descanso” e com “sétimo” dia. Daí a intenção do escritor sagra­do ordenar à humanidade que trabalhasse durante seis dias e descansasse no sétimo, dedicando-o à divinda­de. Por isso a Igreja Católica respeita os muçulmanos que celebram “o sétimo dia do descanso” na nossa Sexta-feira.Também os judeus que o celebram no sá­bado. Enquanto os cristãos, desde o primeiro século, escolheram para o dia do descanso o dia histórico de Domingo, o dia da nova criação em honra do “novo Adão, Ressuscitado”, Jesus Cristo.

PAGAMENTO DE BATIZADOS E CASAMENTOS
     
AFIRMAÇÃO: Os padres católicos cobram pe­los batizados, casamentos e Missas, quando lemos na Bíblia, (Ml 10, 8), “Dai de graça o que de graça re­cebestes.
RESPOSTA: Primeiro, lembremos uma sábia ob­servação: se queres ser honesto, jamais tire o texto do contexto. Nesta passagem de São Mateus, por exem­plo, Jesus ordena: “Curai os enfermos, ressuscitai os mortos, limpai os leprosos, expulsai os demônios. Dai de graça o que de graça recebestes”. Trata-se, portanto, de obras de caridade, de ajuda a pessoas que sofrem de qualquer tipo de necessidade.
    Chega a ser escandalosa a venda de curas miracu­losas em celebrações muitas vezes transmitidas pelos meios massivos de comunicação, especialmente a te­levisão. A Igreja chama esta prática de simonia, que é a instrumentalização do sagrado para fins comer­ciais ou lucrativos. O que assistimos diariamente nes­te sentido é repudiado, vigorosamente, pelas igrejas cristãs históricas. É constrangedor assistir o uso abu­sivo do sagrado e da palavra de Deus, patrocinado por alguns conhecidos pastores, visando o lucro e uti­lizando verdadeiras redes de comunicação para man­ter os fiéis, geralmente pessoas simples e de parcos recursos e que se tomaram dependentes deste tipo de religiosidade.
    A Igreja recomenda vivamente que não se estabe­leça nenhum tipo de remuneração para bênçãos, ora­ções pelos doentes e outros sacramentais, aplicando a palavra do Senhor que lembramos antes: “De graça recebestes, de graça dai”.
    Na maioria das paróquias que introduziu o sistema do dízimo, os padres não cobram mais por batizados, casamentos ou missas de T dia. Em muitas comuni­dades paroquiais as taxas constituem o principal e, às vezes, único sustento do padre e dos serviços da igreja. E isto não é contrário à Bíblia que diz: “O que é cate­quizado na palavra, reparta de todos os bens com o que catequiza” (Gal 6, 6).
    Entre outros textos, citamos I Cor 9, 13-14: “Não sabeis que os que trabalham no santuário, comem o que é do santuário; que os que servem o altar, têm par­te do altar? Assim ordenou também o Senhor, aos que pregam o Evangelho que vivam do Evangelho”.

VALOR DOS MILAGRES

    AFIRMAÇÃO: Os católicos acreditam que acon­tecem milagres em Lourdes, Fátima, etc. e, quando aprovados pelas Comissões Internacionais de médicos e teólogos, estes milagres testemunham a veracidade da Igreja Católica. Entre os evangélicos em geral, estes milagres são vistos com ceticismo, quando não abertamente negados.
    RESPOSTA: Primeiro, é preciso deixar bem cla­ro: nenhum dos milagres que teriam acontecido nos muitos locais públicos como os de Fátima e Lourdes são artigo de fé. Em outras palavras: alguém pode não acreditar nestas manifestações “miraculosas” ou mes­mo nas chamadas “aparições” de Nossa Senhora e ser um cristão fiel, um membro vivo da igreja católica. Ninguém é mais ou menos cristão-católico por crer ou não crer nestas manifestações.
    Na Bíblia, desde a vocação de Moisés, o milagre era tido como sinal da presença de Deus, da aprovação divina duma pessoa e da missão profética a ela confia­da. Somente os orgulhosos, os “duros de coração”, não reconheciam este sinal de Deus. Daí a Bíblia louvar os que aceitavam e se alegravam com os milagres, e re­provar os endurecidos que não os aceitavam. Vejamos alguns exemplos bíblicos e as diferentes reações.
    Em Ex 4, 1-9 lemos como Deus concedeu a Moi­sés ostentar três milagres diante do povo e do Faraó, como prova de ser ele enviado por Deus.
    Uma reação: Ex 4,31: “O povo acreditou. E ao ou­virem que Javé visitava os filhos de Israel, inclinaram- se e o adoraram.”
    Outra reação: Ex 7, 13: “O coração do faraó con­tinuou endurecido, e não lhes deu atenção; como Javé tinha predito” (e continuou endurecido apesar das pra­gas com as quais foi castigado).
 Reis 17 e 18: O profeta Elias ressuscita o filho da viúva e faz que o fogo do céu devore o seu sacrifício, junto com o altar.
    Uma reação (da viúva): “Agora reconheço que és um homem de Deus e que a palavra de Javé é verda­deira em tua boca”. “Todo o povo, ao ver isto, pros­trou-se com o rosto na terra, exclamando: É Javé que é Deus! E Javé que é Deus!” (e agarraram os 450 falsos profetas, e Elias os matou; então cessou o flagelo da seca e veio a chuva).
    Outra reação: I Reis 19, 2: “Jezabel enviou um mensageiro a Elias, para dizer-lhe “que os deuses me façam tal coisa e pior, se amanhã, nesta hora, eu não fizer com tua vida, o que fizeste com a deles”.
    Nos Evangelhos Jesus cura cegos, leprosos, paralí­ticos e ressuscita mortos.
    Uma reação (Jo 3, 2): Nicodemos lhe disse: “Rabi, bem sabemos que és um mestre enviado por Deus, pois, ninguém seria capaz de fazer os milagres que tu fazes, se Deus não estivesse com ele”.
Lc 7, 16: Depois da ressurreição do jovem de Naim: “Cheios de temor louvavam a Deus com estas palavras: Um grande profeta surgiu entre nós e Deus visitou o seu povo.”
Jo 9,30-33: O cego curado respondeu: “Isto é es­pantoso! Ele me abriu os olhos e vós não sabeis donde ele vem! Sabemos que Deus não escuta os pecadores. Mas Deus escuta a quem o serve com piedade e cum­pre a sua vontade. Se este homem (Jesus) não fosse de Deus, nada poderia fazer!”
    Outra reação: Jo 9, 28 e 34: “Então os fariseus co­meçaram a insultar o cego curado dizendo: “sejas tu discípulo dele! Nós somos discípulos de Moisés. Sa­bemos (da Bíblia) que Deus falou a Moisés. Quanto a Jesus, não sabemos de onde vem. Tu nasceste no peca­do e pretendes ensinar a nós? E o expulsaram”.
Jo 11, 47-53: “os sacerdotes-chefes e os fariseus reuniram o Conselho e discutiram: 'Que faremos? Este Jesus está fazendo muitos milagres...’ A partir desse dia resolveram matá-lo”.
Mc 3, 22: (Depois que Jesus tinha feito muitas curas e expulsado demônios, diziam:) “Ele está pos­sesso de Beelzebu. E pelo chefe dos demônios que ele expulsa os demônios”.
    Na Igreja primitiva, Pedro e Paulo fizeram alguns milagres em nome de Jesus, como narram os Atos dos Apóstolos. (At 3, 6-10; 5, 12-16; 9, 33-34; 9, 40; 20, 7-12; 28, 3-6).
    Hoje, a Igreja Católica manda examinar com todo o rigor científico os supostos milagres acontecidos em Lourdes e Fátima, pelas equipes de qualificados espe­cialistas inter-confessionais e, mesmo, inter-reiigiosos. Em Lourdes, por exemplo, de 1.200 curas milagrosas, reconhecidas como inexplicáveis por essas equipes médicas, a Comissão teológica dos bispos aprovou apenas 65 como milagrosas. Tal é o rigor exigido pela Igreja!
    Um dos poucos “milagres”, confirmado cienti­ficamente, pode ser observado cada dia na Igreja de Lanciano, na Itália, onde, no século VII, durante uma celebração eucarística, o pão e o vinho teriam se trans­formado no Corpo e Sangue visíveis de Jesus. As es­pécies, colocadas num relicário, guardam-se frescas e intactas até hoje.
    Em 1970 o cientista Prof. Dr. Linoli, com licença do Arcebispo de Lanciano, tirou pequenos fragmentos do relicário para fazer uma nova análise em seu labo­ratório. Após três meses deu o seu laudo: “A carne pro­vém do tecido fresco do coração humano (miocárdio), do grupo sangüíneo AB. O sangue é do mesmo grupo AB, apresentando sais e proteínas de sangue tirado há uma hora, duma pessoa viva.
    Em 1973, uma equipe de peritos de 7 nações, membros da Organização Mundial de Saúde (OMS), depois de 15 meses de pesquisas, confirmou o milagre eucarístico de Lanciano como “um caso único”, cien­tificamente inexplicável.
     Nota do autor: O grupo sangüíneo AB é muito raro na so­ciedade em geral, mas 95 por cento dos judeus pertencem a este grupo.
    Para os latino-americanos são de particular signi­ficado as manifestações que cercam as “aparições” de Nossa Senhora de Guadalupe. No dia 12.12.1531, ao se manifestar ao índio Juan Diego, entregando-lhe um manto com a sua imagem, ninguém suspeitava que em tomo desta manifestação pudessem acontecer tão sur­preendentes “milagres”. Aqui, os principais:
     O tecido deste manto, feito de fibra vegetal, desintegra-se sozinho num lapso de 20 anos. O tecido, com a imagem de N. S. Guadalupe, conserva-se em perfeito estado até hoje.
    2º  O quadro desprotegido, sem vidro, durante 116 anos, suportou poeira, insetos e a fumaça de inúmeras velas e lamparinas, ficando sempre limpo.
    3º Num atentado a bomba (14.11.1921), que ex­plodiu a poucos metros da imagem, destruindo o altar de mármore, vasos, castiçais e o pesado crucifixo de bronze, além de partir os vitrais da basílica e vidraças das casas próximas, o tecido, com a imagem da Vir­gem, se conservou intacto.
    4º O belo rosto da Virgem, as cores vivas de sua túnica rosada e o manto azul, foram “desenhados” com pigmentos desconhecidos até hoje; sem pincel, de ma­neira inexplicável pela ciência; e não desbotam.
    Os olhos da imagem, observados com oftalmos- cópio, mostram profundidade e luminosidade de olhos vivos, impossíveis de encontrar nos olhos mortos ou fotografados.
    Em suas pupilas ampliadas por técnicas e com­putadores da NASA, aparecem 12 pessoas presentesno dia do milagre, identificadas como sendo Juan Die- go, o Bispo e outras que ali se encontravam no mo­mento.

 FALSOS MILAGRES?
     
    AFIRMAÇÃO: Em Mc 13, 21-22 Jesus predisse o aparecimento de falsos "sinais ” (milagres), para se­duzir os eleitos.
    RESPOSTA: E importante examinar esta profecia de Jesus, quase igual em Mc 13, 21-22 e em Mt 24, 23-25: “Então, se vos disserem, ‘Vede! O Messias está aqui! ou, está ali!’, não acrediteis nisso. Porque sur­girão falsos messias e falsos profetas, que farão gran­des prodígios e sinais, capazes de enganar os próprios eleitos, se fosse possível. Vede que eu já vos preveni”. São Paulo, predizendo os mesmos eventos, em II Ts 2, 9-10, acrescenta que também os milagres serão falsos. “A vinda do ímpio (anti-cristo) vai acontecer graças ao poder de Satanás, com todo tipo de falsos milagres, sinais e prodígios, e com toda a sedução que a injustiça exerce sobre os que se perdem, por não se terem aberto ao amor da verdade, amor que os teria salvo”. Disso podemos tirar as seguintes conclusões:
    1ª : Aqui não se trata de milagres autênticos, com os quais Jesus prometeu acompanhar os Apóstolos e seus verdadeiros seguidores (Mc 16, 17-20), mas de falsos milagres, com os quais Satanás ajudará os falsos profetas a seduzir aqueles que não acolheram o amor da verdade, para seguir os falsos messias, antes da des­truição de Jerusalém e antes do fim do mundo.
    De fato, 40 anos depois da Ascensão de Jesus vieram estes falsos messias e profetas é seduziram os judeus a rebelar-se contra a dominação romana. As legiões romanas esmagaram o levante e destruí­ram Jerusalém, de modo que não sobrou “pedra so­bre pedra”, como Jesus tinha predito. Porém, os ju­deus convertidos ao cristianismo, prevenidos pelos Apóstolos, fugiram para as montanhas, escapando desta chacina.
    : Há movimentos religiosos que fazem do dis­curso apocalíptico seu principal mote e pregação. Na passagem do milênio da era cristã, as pregações de fim-do-mundo se fizeram ouvir por todos os lados. Mas o novo milênio começou, as trombetas não so­aram, Jesus não apareceu sobre as nuvens e o mundo e a vida continuam... Não nos cabe julgar quem são os eleitos, è muito menos quem são os condenados. O julgamento e a justiça só a Deus pertencem.
    3ª : Enquanto os “prodígios e sinais dos falsos mes­sias e profetas” são destinados para seduzir os eleitos, as curas benfazejas e os outros milagres dos Apóstolos e dos Santos têm a aprovação de Jesus que disse: (Mt 6,15-20) “Acautelai-vos dos falsos profetas... por seus frutos os reconhecereis... Não pode uma árvore boa dar frutos maus, nem uma árvore má dar frutos bons.” Por isso a Igreja costuma promulgar os verdadeiros milagres somente depois de muitos anos, quando fo-ram comprovados pelos bons frutos: de conversão de pecadores, de penitência, de vida pura, virtuosa, dedi­cada à caridade, etc.
   Atribuir os milagres, rigorosamente comprovados pelos bons frutos, ao poder de Satanás, parece repetir a postura dos doutores da Lei, que atribuíram os mila­gres de Jesus ao poder de Beelzebu, e aos quais Jesus respondeu que “esta blasfêmia contra o Espírito Santo nunca terá perdão, mas será réu de um pecado eterno.” (Mc 3, 28-30)

 ALCOÓLATRAS E FUMANTES

    AFIRMAÇÃO: Muitos alcoólicos e fumantes católicos, quando passam para alguma igreja neo- pentecostal, abandonam o vicio. Não poderia ser uma prova de maior força e graça de Deus nestas igrejas?
    RESPOSTA: Não existem estatísticas que vin­culem causa e efeito a esta afirmação. O que é certo é que o drama do alcoolismo é uma doença e como tal precisa ser tratado. O apoio de amigos e parentes, a participação efetiva em Grupos “AA” (Alcoólicos Anônimos), espalhados em muitas cidades do Brasil e do mundo, e cujas reuniões acontecem, em grande parte, em espaços próprios da Igreja, contribuem para que essas pessoas encontrem forças para superar a de­pendência, recuperar a auto-estima e voltar a ter uma vida normal na família e na sociedade. Aqui, mais do que graças divinas, é o carinho, a amizade e forças psi­cológicas positivas que podem alcançar a vitória sobre esta dolorosa dependência.
    A Igreja, por uma questão de coerência, não pode proibir simplesmente o uso moderado de bebidas al­coólicas. Desde Noé até o tempo de Jesus, o vinho era a bebida cotidiana destes povos e destas culturas. E o próprio Jesus mudou água em vinho nas bodas de Caná da Galiléia, em seu primeiro milagre, testemu­nhado pelos discípulos. A Igreja sempre condenou a embriaguez e recomenda moderação no beber. Aos de­pendentes ou propensos ao alcoolismo, ela recomenda, como os psicólogos, a abstinência total. O mesmo exi­gem também os grupos “AA”, já que sem isso não há possibilidade de cura!
    Quando, porém, apesar de todo esforço e apoio, o viciado não consegue livrar-se do alcoolismo, a Igreja não o expulsa, mas recomenda tratá-lo com paciência, respeito e amor, como se deve tratar qualquer doente incurável. Só Deus, que conhece o íntimo da pessoa, tem o direito de julgá-lo. Para nós vale o preceito de Jesus: “Não julgueis e não sereis julgados; não conde­neis e não sereis condenados”. (Lc 6, 36)
    A mesma atitude mantém a Igreja Católica para com os fumantes. A Bíblia não oferece nenhuma base para proibir totalmente o fumo, como fazem certas seitas ou movimentos fundamentalistas. Até a vinda de Jesus o fumo era desconhecido. Mas, baseada em pesquisas científicas da medicina, a Igreja inclui os vícios do fumo e das drogas como pecados contra o 5o Mandamento (“Não matarás”) já que estes vícios pre­judicam seriamente a saúde e encurtam a vida. Além disso, esbanjam dinheiro, que o cristão deveria usar sempre e somente para o bem comum da família e da sociedade. 

ESPIRITISMO E CRISTIANISMO

    AFIRMAÇÃO: E bastante comum encontrar pessoas batizadas católicas e que, igualmente, são adeptas do Espiritismo e da Umbanda, freqüentando suas sessões e participando de reuniões e encontros próprios destas expressões religiosas.
    RESPOSTA: O espiritismo afirma verdades con­trárias à doutrina cristã como a reencamaçâo, o conta­to com espíritos de mortos e suas aparições, evocadas por médiuns, em sessões muitas vezes suspeitas pelas condições nas quais se realizam. Além disso, ensina muitas outras coisas opostas à doutrina cristã, negando principalmente o poder salvador de Jesus Cristo.
    A reencamaçâo, pregada pelo espiritismo, contra­ria a clara doutrina bíblica e toda moral cristã. Há uma série de contradições nas teorias reencamacionistas, as quais não se sustentam, quer no sentido filosófico, quer no sentido das verdades reveladas.
    Já o famoso escritor do espiritismo no Brasil, Dr. Carlos Imbassahay, escreve claramente: “Nem a Bíblia prova (para nós) coisa alguma. O espiritismo não é um ramo do cristianismo, como as demais seitas cristãs. Não assenta seus princípios nas Escrituras (Sagradas). A nossa base é o ensino dos espíritos. Daí o nome espi­ritismo” (À margem do Espiritismo, pág. 219).
    Na Bíblia encontramos vários textos que nos aju­dam a responder algumas das questões enfocadas. Em Dt 18,9-14: “Não se achará no meio de ti quem prati­que a adivinhação, o sortilégio, a magia, o espiritismo, a evocação dos mortos: porque todo homem que fizer tais coisas constitui uma abominação para o Senhor.”
    Em Lev 20, 6- 27, lemos: “Se uma pessoa recorrer aos espíritas, adivinhos, para andar atrás deles, volta­rei minha face contra essa pessoa e a exterminarei do meio do meu povo”. “Qualquer mulher ou homem que evocar espíritos, será punido de morte.”
    Sempre surge a pergunta: nas sessões espíritas, há realmente contatos com os espíritos do além? Vale o testemunho de uma senhora argentina, que vive no Brasil. Diz ela que “faz alguns anos morreu minha fi­lha. Os espíritas me procuraram, prometendo-me que me poriam em comunicação com ela. Eu, afiitíssima como estava, aceitei e fui à sessão. Quando o chefe dos trabalhos me anunciou a presença dela, comecei, é claro, a falar em espanhol, língua essa que, em casa, nos era mais familiar. Mas para meu grande desapon­tamento, minha filha havia esquecido o espanhol e so­mente sabia falar em português. Minha decepção cres­ceu ainda mais quando pedi que ela me dissesse, para maior garantia de identificação, o apelido que ela tinha em casa. Até seu próprio apelido ela havia esquecido. Levantei-me indignada, lançando em rosto dos res­ponsáveis pela sessão essa verdadeira palhaçada que estavam cometendo comigo. Em conseqüência disso, não quero nem falar em Espiritismo.”
    A revista norte-americana “Women Companion”, para experimentar a veracidade dos médiuns espíritas, inventou uma história sobre um tal soldado George Bertlett de 27 anos, que teria falecido na invasão de Okinawa, deixando para a viúva Bárbara e seus dois filhos, a quantia de 5.000 dólares. Alguns repórteres desta revista, disfarçados, perguntaram a 20 diferentes médiuns, em nome da viúva Bárbara, o que cia deveria fazer com os 5.000 dólares, e se deveria casar com um funcionário do banco, indo morar em Nova York.
    As respostas dos médiuns foram todas diferentes, às vezes contraditórias e fantásticas. Mas nenhum médium declarou: “Não consigo comunicar-me com o espírito de seu marido, porque nem ele nem a viúva Bárbara existem!” E somente esta resposta seria a verdadeira!
Para quem quiser aprofundar o conhecimento do espiritismo, recomendamos os livros de Edvino A. Fri- derichs SJ: “Onde os Espíritos baixam”, “Caixinha de perguntas”, “Panorama da Parapsicologia” e “Casas Mal-assombradas”.

ORIGENS DE ALGUMAS IGREJAS CRISTÃS

    AF1RMAÇAO: Ouve-se dizer muitas vezes que Deus é um só e todas as religiões são boas. A acei­tação respeitosa das diferentes formas de expressão religiosa parece ser, hoje, um caminho para realizar o sonho do Papa João XXIII: “É preciso sempre olhar mais para aquilo que nos une do que para aquilo que nos separa
    RESPOSTA: Afirmar que todas as religiões são boas pode gerar um perigoso relativismo religioso e le­var a uma crescente migração eclesial ou, então, levar à prática de um incoerente sincretismo religioso. Sem entrar no mérito deste debate, é preciso reafirmar que nenhuma igreja é dona de Deus, de Jesus Cristo, do Espírito Santo e dos Santos, nem possui toda a verda­de e somente a verdade. É óbvio que, quanto maior a tradição e a história de determinada instituição eclesial, maior sua credibilidade. E seus equívocos também. Em tempo a Igreja católica reconheceu-se “santa e pecado­ra”, porque feita de homens que sempre são falíveis.
    Desde os primeiros séculos da era cristã, a Igreja foi denominada “católica”, que significa universal, como um projeto religioso de salvação para todos os povos e todos os tempos. Este é seu horizonte, esta a sua meta.
    A título de informação elencamos, a seguir, algu­mas igrejas cristãs ou de instituições de cunho cristão, com seu respectivo fundador e o ano de sua fundação:
Igreja Luterana, fundada por Martinho Lutero, sa­cerdote agostiniano (1484-1546). Na Alemanha;
Igreja Episcopal Anglicana, fundada pelo rei da In­glaterra, Henrique VIII. Na Inglaterra, em 1534;
Igreja Presbiteriana, fundada por John Knox, sacer dote católico, inspirado nas doutrinas de Lutero e Cal- vino. Na Escócia, em 1560; Igreja Congregacionista, fundada por Robert Bra- wne, clérigo anglicano. Na Inglaterra em 1600;
Igreja Metodista, fundada por John Wesley, Na In­glaterra, em 1727;
Igreja dos Santos dos Últimos Dias (mórmons), fundada por Joseph Smith. Nos Estados Unidos, cm 1830;
Igreja Adventista, fundada por William Miller. Nos Estados Unidos, em 1831;
Igreja Batista, fundada por John Smith, clérigo an­glicano, na Inglaterra e Holanda, no Século XVII. No Brasil desde 1871;
Testemunhas de Jeová, fundada por Charles Ta/.e Russel. Nos Estados Unidos, em 1874;
Congregação Cristã no Brasil, fundada por Luís Francescou. Em Platina, PR, Brasil. Em 1910;
Igrejas Pentecostais e Assembléia de Deus, funda­das por pastores de cerca de 100 congregações diferen­tes. Nos Estados Unidos, em 1914;
Igreja do Evangelho Quadrangular (um ramo do Pentecostalismo), fundada por Harold Williams. Nos Estados Unidos e promovida no Brasil desde 1940;
Igreja Deus é Amor, fundada por David Martins Miranda. Em São Paulo, Brasil, 03/06/1962;
Igreja Universal do Reino de Deus, fundada por Edir Macedo. No Rio de Janeiro, Brasil, em 1977;
Igreja Universal da Graça de Deus, fundada pelo pastor Romildo R. Soares. Em São Paulo, Brasil.



Fonte: Livro Respostas da Biblia: Pe. Vicente, SVD
Digitalizado: Tiago A. Souza ' Sermoc '